segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Apologia do Impedimento

“... está na hora de acabar de uma vez por todas com a tal lei do impedimento (...). Só o fim desse mandamento devolveria uma certa graça às artes ludopédicas. Paralisar uma linda jogada apenas porque um atacante está com o nariz além do beque é um atentado à existência. Imagine quantos gols teríamos a mais nas partidas! Seria fabuloso, de encher os olhos, mesmo com a escassez de craques momentânea. O fim da regra maldita devolveria o futebol às suas origens, daria o charme da pelada e a classe do gol de banheira. Acabaria com a tristeza que toma conta dos estádios e das várzeas, que melancolicamente seguem as regras do futebol profissa”.

Eis um trecho da coluna de Xico Sá na Folha de 24/08/2007, intitulada “Pelo fim da lei do impedimento”. Em primeiro lugar, devo dizer que adoro os textos desse brilhante escritor, conhecedor mais profundo da alma ludopédica e, em minha opinião, melhor cronista de futebol do Brasil atualmente. E digo mais do que isso: invariavelmente concordo com suas opiniões que, sempre originais e espirituosas, costumam chocar os nojentos repetidores de chavões, política e idiotamente corretos. Posto isso, fica bem claro que não será por falta de respeito e admiração pelo escritor que afirmarei o seguinte: ao escrever o supracitado texto, Xico definitivamente não estava em plena posse de suas faculdades mentais e cognitivas.

Em segundo lugar, digo que discordarei de Xico e tentarei refutá-lo fazendo uma apologia do impedimento. Mas que fique claro que não será uma apologia no sentido usual e vulgar do termo, a saber, “elogio” ou “louvor”, mas peço que seja considerada a acepção primária da palavra: “defesa”, termo jurídico. Digo isso para que todos saibam que não sinto a menor simpatia pelo meu “cliente”. De fato, a lei do impedimento é realmente confusa, chata, caduca e capaz de enfurecer o mais estóico dos torcedores, se é que há algum torcedor estóico. Contudo, aqui se aplica o velho princípio do “ruim com ele, pior sem ele”: o impedimento é um mal necessário. Explico porque na seqüência.

Xico diz que, com o fim do impedimento, o número de gols aumentaria consideravelmente. Isso é verdade, mas apenas no curto prazo. No primeiro momento, os atacantes iriam deitar e rolar sobre os atônitos beques adversários, que ficariam completamente perdidos, zanzando dionisiacamente pela cancha defensiva. Fazer gols passaria a ser uma tarefa facílima. “Mas então você concorda com o Xico”, alguém dirá. Eu respondo que não e começo dizendo que o aumento do número de gols por si só não pode ser declarado uma vantagem, sem maiores considerações. Ora, tudo que é fácil é bom no começo, mas depois de pouco tempo perde a graça, perde o tesão. Por acaso alguém fica cheio de si ao “conquistar” uma vagabunda qualquer? Ou não seria mais gratificante levar para a cama aquela mulher difícil, que dá fora em todo mundo? Jogos com oito, nove gols são legais de vez em quando para quebrar a rotina, mas se virassem regra, ficariam cansativos. Por acaso alguém gosta de assistir a jogos de handebol? Saem trezentos gols para cada lado e o jogo é chatíssimo. É tanto gol que fica chato. E mais: se esses gols não fossem bonitos (e de fato não seriam, como veremos a seguir), não adiantaria nada aumentar a sua média. Para aumentar o número de gols de canela e de bate-rebate é melhor não aumentar.

E é justamente uma piora na qualidade do futebol jogado e dos gols marcados que o fim do impedimento acarretaria como efeito a longo prazo. Todos sabem que a necessidade é a mãe das invenções. A lei do impedimento cria dificuldades terríveis para os jogadores de ataque e os obriga a desenvolver técnicas sofisticadíssimas no que diz respeito à noção do tempo de bola, aceleração, visão de jogo, força do passe e rapidez de raciocínio. Qualidades que fazem de Zidane, Alex e Riquelme gênios da armação, Careca, Romário e Van Basten gênios da grande área. No entanto, sem o impedimento, nenhuma dessas habilidades seria lapidada naqueles que possuem o dom, tampouco desenvolvidas pelos menos prodigiosos. Qualquer caneludo poderia se transformar em artilheiro, qualquer beque-de-fazenda despontaria como novo Gérson, uma vez que todo chutão para frente serviria de assistência para os atacantes, livres, mandarem para as redes. A magia e a beleza de um passe milimétrico, aquele que deixa o centroavante sozinho e ao mesmo tempo em condições de jogo, desapareceria. A inteligência do atacante que faz que vai, não vai e acaba “vando”, deixando os beques de braços erguidos, clamando por um impedimento inexistente, seria obscurecida pela força bruta dos pernas-de-pau que só sabem trombar nos adversários. Resumindo: os brucutus ganhariam ainda mais terreno e os craques se dissipariam definitivamente na neblina, nas trevas do passado ludopédico. Por isso eu digo que os gols, ainda que aumentassem em número, perderiam em qualidade e beleza.

Mas tudo o que foi dito nos parágrafos anteriores parte de um pressuposto oculto assumido por Xico em sua análise, a saber, de que, mesmo com o fim do impedimento, as defesas continuariam jogando da mesma forma que antes. Eu digo, porém, que isso ocorreria apenas no começo. Não demoraria muito para aparecer um “professor pardal”, de prancheta em mãos, concluindo que a única maneira de impedir que sua equipe, tecnicamente fraca, tomasse uma lavada de um adversário forte seria pôr em prática uma nova estratégia, a única possível para se evitar uma avalanche de gols no novo sistema. No jogo seguinte então, tal gênio revoluciona o futebol, escalando a linha de quatro zagueiros fixa e atrás da própria grande área. Mais três volantes na frente protegendo a zaga e pronto: uma barreira intransponível de sete marcadores impede qualquer trator de romper o ferrolho. Na seqüência, nosso amigo faz escola e, a partir daí, o futebol vira “gol a gol”. Afinal, como é impossível furar o bloqueio, única chance de se anotar um tento é abusar da famosa “ligação direta”. Tome chutão, tome bate-rebate, tome brucutu no ataque. Escanteios e faltas próximas da área passam a valer ouro. De modo que o efeito final seria exatamente o oposto do descrito por Xico: os gols iriam rarear ainda mais. E pior: todo tento, sem exceção, seria fruto de um bololô na área ou de um chute de longe. Jogada trabalhada, tabela, passe de primeira... só em filmes de idos remotos.

Nesse estágio, o football inglês, nosso amado ludopédio, estaria a um passo de se tornar um futebol americano jogado com os pés. Não tardaria para que as equipes fossem divididas em duas: time de ataque e time de defesa. Em pouco tempo os jogadores passariam a atuar dentro de armaduras e capacetes, uma vez que os choques seriam cada vez mais freqüentes. Então só faltaria abolir o goleiro, tirar o travessão e trocar a bola redonda pela oval.

Por essas e outras é que eu sempre dou graças aos deuses ludopédicos pelo fato do futebol ter sido inventado na Inglaterra. O conservadorismo ferrenho dos anciões da International Board é de fato uma benção. Já pensou se fosse no Brasil, com toda essa tara por inventar leis, mudar leis, emendar leis, acabar com leis, recriar leis, não cumprir leis? Após um século e meio de vida, o futebol já teria se transformado em alguma espécie de pólo no gelo, com cavalos de patins e tacos de baseball. No fim, estaria certo o rei inglês daquele vídeo do Bruno: “Pega o cavalo! Aí vai com o cavalo! Corre com o cavalo...”.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Continuando a Afinar a Corneta


Vou seguir a grande sugestão apresentada pelo Bruno: roubar as idéias dos outros na maior cara de pau. Aliás, para quem conhece o mundo da filosofia, essa deve ser uma prática bastante familiar. Assim, na presente cornetada, farei um plágio descarado da fórmula criada pelo próprio Bruno e mudarei apenas o conteúdo, abordando as equipes que não foram analisadas por ele. Devo advertir, porém, que tudo que eu disser aqui e que foi dito pelo Bruno antes pode ir por terra nos próximos dias, uma vez que esse fechamento da maldita “janela européia” não chega nunca e vários Shaktars Donetskis da vida continuam à espreita, prontos para levar embora o pouco que restou dos nossos futebolistas.

Todos sabem que o sistema defensivo e o trio de zaga são os pontos fortes do São Paulo. Falemos então dos problemas: o comando do ataque e os jogadores “vai-vai-vai... não vai”. É impressionante a teimosia do Muricy ao insistir nesse Aloísio, um centroavante que não marca gol, não sabe passar, não sabe dominar a bola, não sabe chutar e nem cabecear (a não ser de ombro). O Diego Tardelli, amordaçado, algemado e com os dois pés amarrados, joga mais do que ele. E aliás, o Tardelli sempre entrou bem nos poucos minutos em que teve oportunidade. Contudo, me parece que ele continua sendo punido pelos erros que cometeu em sua primeira passagem pelo tricolor. Mas, mesmo que o Muricy não goste do Tradelli, ele poderia então colocar o Borges, que não é uma maravilha, mas pelo menos marca uns golzinhos de vez em quando. De qualquer modo, uma coisa é certa: ALOÍSIO NÃO DÁ.

Outro karma dos são-paulinos: aqueles jogadores broxantes, que pegam a bola, fazem o diabo, deixam o torcedor com o grito de gol engatilhado, mas, na hora H... não vai. O pior de todos é o Jadílson: corre, corre, corre e... nada. Esse jogador consegue manter a incrível média de NENHUM passe certo por jogo. Graças a deus ele é reserva, mas sempre acaba entrando quando Muricy precisa de um lateral esquerdo de ofício (e Júnior fica no banco!). Bom, mas não pára por aí: tem também o Souza. Tudo bem, não há outro cara capaz de atuar na ala direita, não tem ninguém melhor do que ele no banco etc, mas que é irritante é: Souza pega a bola, dá um drible espetacular, passa por dois, corre, corre, corre e... nada. Nenhuma jogada é concluída. Por fim, tem ainda o Leandro: corre, pula, gira, vira, tropeça, capota, cai, levanta, planta bananeira, dá cambalhota, se joga na bola, levanta de novo, ginga, dança, canta, batuca, corre, corre, corre e... nada. O Dagoberto, mesmo em péssima fase, joga mais. Resumo da ópera: Tardelli e Dagoberto, a dupla de ataque ideal, nunca jogaram juntos e, a se julgar pela teimosia do técnico, jamais jogarão. Os são-paulinos terão de continuar aturando Leandro e Aloísio e suas caneladas, joelhadas, tornozeladas e chutes que vão parar na bandeira do escanteio. Mesmo com tudo isso, o tricolor é ainda o principal candidato ao título.


O Cruzeiro é o inverso do São Paulo: joga para frente e o ataque é muito bom, em grande parte devido à ofensividade do seu meio campo. Os habilidosos volantes, Charles e Ramires, são na verdade meias que atuam mais recuados. Os meias, Leandro Domingues e Wagner, são verdadeiros atacantes. Por isso, não dá nem para culpar a zaga pela elevadíssima média de gols sofridos, uma vez que ela fica o tempo todo exposta. De qualquer modo, esse estilo de jogo suicida funciona e passou a funcionar ainda melhor com a entrada de Alecsandro, um ótimo ruim-que-faz-gol. Alguém pode dizer que Alecsandro só marca muitos gols justamente porque o time ataca o tempo todo. Não é verdade. Ele marca gols porque sabe marcar gols. Simples assim. Veja o exemplo do São Paulo: embora privilegie a defesa, em alguns jogos, como no último contra o Goiás, o tricolor cria várias oportunidades de gol. O problema é que seus atacantes acertam uma a cada 5983 finalizações. Podem ter certeza do seguinte. Se jogasse no Cruzeiro, o Aloísio não faria gols, como não faz no São Paulo, fossem quantas fossem as oportunidades. Se jogasse no São Paulo, Alecsandro faria muitos gols, como faz no Cruzeiro, mesmo tendo poucas chances. A Raposa é o maior adversário do São Paulo.


Embora seja uma equipe tecnicamente fraca (quem hoje não seria?), o Vasco joga com consciência, justamente porque sabe reconhecer suas limitações. Isso faz dele um time bastante eficiente, principalmente dentro de São Januário, onde empatou uma e venceu todas as demais partidas. O ponto de apoio do time é Perdigão (isso não é uma ironia), jogador que faz mais ou menos a função que Tinga fazia no Internacional e que até pouco tempo Josué exercia no São Paulo: organizar o meio campo e ditar o ritmo do time. Claro, além disso, Perdigão também é mestre no “marca, marca!”, “só cerca”, “abre, abre” e seus afins, o que não deixa de ser mais uma qualidade indispensável. Outras virtudes do time são: o volante argentino Conca e o apoio do ala direito Wagner Diniz. Contudo, a principal arma cruz-maltina é Leandro Amaral. Deixando-se de lado o purismo e considerando-se que o conceito de “craque” é relativo, Leandro é hoje, no contexto atual do futebol brasileiro, um craque. Afinal, ele é muito mais do que um mero ruim-que-faz-gol (me perdoe pelo “mero”, Bruno): ele sabe passar, tabelar e participa da criação das jogadas, além é claro, de fazer gols. Resumindo: faz quase tudo que Aloísio não faz (digo “quase”, pois um jogador que fizesse TUDO que Aloísio não faz seria um gênio maior que Pelé). O Vasco pode até brigar pelo título e deve ficar com uma vaga na Libertadores, a não ser que Romário resolva voltar e/ou que o Shaktar Donetski continue com sua impiedosa espoliação no Brasil.


O time do Grêmio que foi à final da Libertadores já era bem fraquinho. Agora a coisa piorou ainda mais com a saída de Lúcio (isso não é uma ironia) e com a terrível queda de rendimento do Tcheco (“queda de rendimento” nesse caso pode ser entendida como “volta ao estado normal”). E a tendência é que o time piore mais ainda com a saída de Carlos Eduardo, único jogador verdadeiramente talentoso da equipe. Mas o grande problema é aquele mesmo do São Paulo e da maioria dos times: ausência de um ruim-que-faz-gol. Tuta e Marcel, juntos e ainda adicionados a Aloísio, não somam um terço de centrovante. Se conseguir uma vaga na repescagem da Libertadores já estará de ótimo tamanho.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Pecados Alvinegros



"Sabe, cada vez mais eu acho que essa história de o botafogo jogar o futebol mais bonito do país é coisa de carência de carioca".
"Não, hmpf, com certeza. Vc acha"...
GOOOL!
"É claro que sempre existe a possibilidade de eu estar errado".

O dialógo acima foi realizado entre eu e meu amigo Wally ontem no começo do jogo Corinthians e Botafogo. Justo quando discutiamos o exagero aos elogios a equipe carioca, o Botafogo emplacou uma triangulação "de quadro negro", perfeita, pelo setor esquerdo da defesa corinthiana e, em menos de 30 segundos, abriu o placar no Maracanã. Logo no começo do jogo, o Corinthians (jogando num 4-4-2) foi obrigado a sair mais para o ataque e sua marcação, que já se mostrara ineficiente na primeira jogada do botafogo, se perdeu completamente e o botafogo teve completo domínio do meio de campo. O Botafogo compensava a falta de um legítimo homem de "cadencia" no meio de campo com uma movimentação constante, toques curtos e triangulações rápidas pelas laterias do campo. Sem dúvida, o Botafogo pode ser considerado o time mais "entrosado" do futebol brasileiro. Já no Corinthians, Gustavo Nery estava completamente omisso. Encarregado de dar o toque de qualidade no meio de campo, o jogador nada fez. Nem armou, nem ajudou na marcação, de forma que Joílson e seus companheiros passavam facilmente em seu setor. Aliás, o único setor do campo pelo qual o Botafogo realmente levava perigo ao alvinegro paulista. Já que o veterano Athirson, sem ritmo e sumido na ala esquerda, deixava o time "penso". Sem toque de bola, as partidas do Corinthians ao ataque se limitavam as carregadas de bola de Rosinei, que eram pouco efetivas, visto que o jogador era obrigado a vir buscar a bola em seu campo de defesa. Era só uma questão de tempo para o segundo gol do Botafogo. E ele veio aos 30 minutos em cobrança de falta de Lúcio Flávio. Falta na qual o Botafogo, que tanto chorou contra as arbitragens (embora, "estranhamente", não tenha nada a reclamar do tribunal esportivo), foi ajudado pelo arbítro que deveria ter marcado o impedimento de André Lima que já havia sido lançado por Jorge Henrique (antes que esse fosse derrubado).
No segundo tempo, o Botafogo voltou a campo com Ricardinho no lugar de Athirson. Agora, contando com um ala esquerdo, o Botafogo pode alargar ainda mais o campo e envolver ainda mais a marcação corinthiana em seu toque de bola. Tamanho foi o envolvimento que Carlos Alberto (completamente tonto) ao tentar recuar uma bola de cabeça para Felipe, acabou lançando André Lima que fez o terceiro gol do alvinegro carioca logo aos 7 minutos do segundo tempo. O restante do jogo foi de domínio pleno do Botafogo. Carpegiani tentou mudar o time com a entrada de Bruno Bonfim e Wilson, mas em nada alteraram o mando do Botafogo sobre o jogo. Contudo, conforme o segundo tempo foi passando, faltou ao Botafogo um pouco de "copismo". O time carioca se negou a tirar a velocidade do jogo ou a se fechar. Contudo, devido a um certo abuso no preciossismo das jogadas, acabou também por não fazer o quarto gol. E, permitiu assim, que, em cruzamento de Wilson, Bruno Bonfim desse sobre-vida ao Corinthians.
Que o Botafogo traz uma boa vantagem para São Paulo (pode perder até de 1 a 0) e é favorito, isso é. Porém, o time carioca, ao pecar pela soberba e pelo preciosismo, deixou de decidir a sua classificação em um jogo no qual foi muito superior a seu adversário. Agora, cabe ao time do Botafogo fazer um jogo inteligente (o que não quer dizer defensivo, muito pelo contrário) em São Paulo. E aos torcedores do Botafogo orar aos deuses ludopédicos para que perdoem o time de seus pecados capitais.

Bruno (que está precisando dormir mais...)

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Afinando a Corneta...


Bom, depois de muito tempo, vou assistir a um jogo completo e com atenção e fazer a autópsia do jogo. Mas, enquanto isso vou afinando minha corneta com algumas melodias curtas... (uma espécie de "pre-cornetada" da rodada).
Botafogo: Devo admitir que vi apenas um jogo do Botafogo nesse campeonato brasileiro. Contudo, estou por dentro de todo o "endeusamento" da imprensa (especialmente a carioca) feita ao time da estrela solitária. Embora não tenha observado muito o Botafogo jogar, tenho alguns motivos "a priori" para duvidar dessa classificação de "time do futebol bonito". A primeira delas, obviamente, é que na atual fase pragmática (para ser simpático) do futebol mundial, não é preciso de muito para ser considerado um time que joga bonito. Some-se a isso ao péssimo desempenho dos clubes cariocas nos últimos anos e pronto: têm-se um solo mais do que propício para um exagero midiático. O terceiro motivo, e o mais forte deles, é que o botafogo parece ignorar um axioma fundamental do futebol: "um grande time começa por um grande goleiro". E axiomas podem cobrar um preço muito alto ao serem ignorados. O próprio Botafogo já experimentou isso na copa do Brasil. Esqueça a bandeirinha (faça um esforço!), o que custou ao Botafogo a classificação para a final da Copa do Brasil foi o frangaço de seu goleiro). Se o Botafogo quiser continuar nas primeiras posições da tabela esse ano precisa contratar um goleiro. Urgente. Agora, para continuar na parte superior nos anos posteriores, será preciso contratar um treinador de goleiros. Também urgente!

Corinthians (parte 1): O Corinthians parece finalmente ter encontrado um pouco de equilíbrio no campeonato. Um modelo simples (e perfeito!) para a explicação de tal fato, foi me fornecido pelo colega corneteiro Dênis e eu o roubarei na cara dura. É só se lembrar do que acontece quando vc, já marmanjo, invade, na cara de pau (por culpa de sua Síndrome de Peter Pan), o racha daquele seu irmão/sobrinho/primo e de seus amiguinhos de primário. Lembre-se do olhar que as criancinhas lhe dirigiam e de como você não precisa jogar nem 10% do que elas acreditam (baseadas em seu tamanho e idade) que você joga. Bastava ficar gritando coisas como "só cerca", "calma, calma", "marca lá" e pronto: você era o principal responsável pela vitória do time no qual entrava.
Guardadas as devidas proporções é isso que está acontecendo no Corinthians com a entrada de Vampeta, Ricardinho, Finazzi e Gustavo Nery no time titular. E, convém ressaltar, os quatros estão fazendo muito mais do que só gritar "só cerca", "calma, calma" e "marca lá".

Corinthians (parte 2): Os puristas, os estratégistas e os estetas do futebol que me desculpem, mas o ruim-que-faz-gol e o beque-de-fazenda são fundamentais. Não sei onde Carpegiani estava com a cabeça ao tirar o Finazzi (também conhecido como "o atacante da segunda divisão) do time titular. Atualmente no país, o atacante corinthiano é o mais icônico representante do ruim-que-faz-gol e não pode ser sacado do time. Quer uma prova de que o jogador se encaixa nessa categoria? Basta se lembrar dos melhores momentos do jogo contra o Botafogo. Repare nas chances que Finazzi teve, qual foi a que ele concluiu em gol e qual foi que ele errou... Agora, caso Betão (que é beque-de-fazenda até no nome) retorne contra o Botafogo, o Corinthians, com a defesa mais estável do que a que foi pra Caxias do Sul, tem tudo para complicar o jogo para o time da estrela solitária. Contudo, vai depender, é claro, de quantos (e quais) dos "knockin' on the heaven's door" citados acima terão condições de jogo.

Palmeiras: Na minha opinião, o Palmeiras tem seu melhor time das últimas temporadas e uma chance clara de obter uma vaga na libertadores da América. Contudo, o Palmeiras também sofre de uma certa falta de estabilidade psicológica. Tudo bem que Edmundo pode até tentar cumprir essa função, mas todos nós sabemos que Edmundo não é nenhum modelo de estabilidade... Como o Palmeiras não deve contratar mais ninguém, talvez Caio Júnior consiga encorajar alguém a assumir essa função. Minha aposta: Martinez. Ele parece ter todos os requisitos técnicos não só para cadenciar o jogo, mas também para cadenciar os espíritos de seus companheiros. É um investimento a longo prazo, é claro, mas pode garantir a classificação para a libertadores e, quem sabe, até uma campanha convincente (ou pelo menos "não-vexatória") no torneio continental do ano que vem.

Santos: No que diz respeito ao Santos não tenho muito a dizer. Mesmo com os altos e baixos de Pedrinho e que Pet nunca encontre seu futebol, o retorno de Maldonado dará estabilidade a defesa. Com Kleber no meio ou na lateral, e Kleber Pereira no ataque, o Santos tem tudo para continuar sua jornada de recuperação.

Bruno (que não está vendo o jogo da seleção, que está passando agora, mas espera que algum dos outros membros desse blog esteja...)

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Projeções


Daqui a cinco anos, quando Kaká, aos 29, e Robinho, aos 28, forem os veteranos da Seleção Brasileira, quem serão seus companheiros?

Se der a lógica, Alexandre Pato, que, como profissional, ainda nem mesmo atingiu a marca de trinta partidas disputadas, será a companhia de Robinho lá na frente. Pelo pouquíssimo que se pode ver do novo reforço do Milan, Pato é o mais completo centro-avante que os gramados brasileiros produziram desde Romário. Sim, desde Romário, porque Ronaldo, embora ótimo em quase tudo, cabeceia tão bem quanto eu, ou seja, fechando os olhos e batendo com o topo da cabeça na bola. Em relação a esse fundamento, Pato leva vantagem até mesmo sobre Romário, já que é dez centímetros mais alto que ele e, além disso, pode ficar ainda mais alto, já que só tem 18 anos. Pato tem 1,79m, Romário, 1,69m.

É claro que não é possível garantir que Alexandre Pato não sofrerá os mesmos problemas que Ronaldo: contusões sérias, excesso de peso e vida pessoal conturbada. Mas, enfim, se nada disso acontecer e se der a lógica, Pato será o dono inquestionável da camisa nove na Seleção Brasileira por longos anos.

Mais atrás, armando o time, talvez não haja uma promessa à altura de Alexandre Pato, à altura da segurança que ele passa, embora tão jovem. E isso é preocupante. A falta de bons (nem digo ótimo) meias armadores no futebol mundial é crônica. A meu ver, hoje há apenas quatro bons armadores em atividade: Kaká, Riquelme, Alex e Lampard. Mas nenhum deles está no nível que teve, em sua melhor forma, a geração anterior, representada por ninguém menos que Zidane e Nedved.

Anderson, que agora vai reforçar o Manchester United, tem um longo caminho a percorrer até que merecia, de fato, as comparações que fizerem entre ele e Ronaldinho Gaúcho, quando de sua aparição, em 2004, disputando a segunda divisão do campeonato brasileiro, pelo Grêmio. Contra ele, pesará a forte concorrência por uma vaga no time titular inglês. Jogando pouco, é bem provável que as comparações entre ele e o astro do Barcelona limitem-se à aparência física, característica em que ambos são realmente semelhantes, embora até nisso o mais velho seja mais... Mais feioso.
Nego-me veementemente a falar de Wilian e Lulinha, ambos do Corinthians. Embora já exista um exagerado alvoroço em torno desses jogadores, nenhum deles mostrou, jogando entre os profissionais, a que vieram. Wilian ainda amarela. Lulinha nem sabe a cor da bola. Se não estivessem num time que desmorona política, financeira, moral e futebolisticamente, certamente os dois ainda estariam nas categorias de base, tendo lições sobre como fazer a barba – que ainda virão a ter.

A única unanimidade para a vaga de volante é Lucas, ex Grêmio e agora no Liverpool. Hernanes, do São Paulo, Denílson, do Arsenal, e Marcelo Matos, em algum lugar da galáxia, devem brigar entre si para acompanhar o loirinho. Mas se Dunga continuar sendo técnico do Brasil daqui a cinco anos, é até possível que os quatro joguem juntos. Quanto aos três últimos, nenhum é ótimo. Hernanes, por exemplo, embora seja um jogador extremamente versátil e tenha uma boa técnica, não tem na marcação o seu ponto forte. Como no São Paulo ele costuma jogar acompanhado de Josué, esse problema se ameniza. Marcelo Matos criou muito frenesi quando surgiu. Mas, depois, mostrou ser apenas o razoável volante de uma equipe medíocre. Denílson pouco jogou tanto no São Paulo quanto no Arsenal. Mas é justamente sua precoce saída do Brasil para um dos maiores times europeus que o credenciam a constar na lista de prováveis futuros selecionáveis. Além desses quatro, tem chamado atenção o jogador Wendel, do Palmeiras – o Palmeiras é aquele time que usa um uniforme verde. É versátil e tem boa técnica, mas ainda é cedo demais para dizer qualquer coisa sobre seu futuro.

Nas alas, ou laterais (não farei distinção aqui), Ilsinho, ex Palmeiras e São Paulo, mas agora na Ucrânia, deverá, se retomar o ótimo futebol que mostrou nos primeiros meses de São Paulo, com muita técnica e agressividade, o jogador que colocará Cafu, em definitivo, no baú do esquecimento. Pela esquerda, pelo mesmo motivo que relacionei o volante Denílson, relaciono Marcelo, do Real Madrid, mas confesso que não o conheço. Sem a concorrência de Roberto Carlos, é bem provável que o brasileiro, se for realmente bom, firme-se como titular da lateral esquerda do time madrileno. O jeito é aguardar e torcer para que ele seja realmente bom, já que o futebol brasileiro está, de uns tempos para cá, produzindo pouquíssimos laterais esquerdos de qualidade. Para se ter um exemplo, Adriano, o bom lateral esquerdo do Sevilha, é destro, e não canhoto, como seria o ideal.

Na zaga, o jovem trio de zaga atual do São Paulo surge com muita força. Miranda, Breno e Alex Silva, embora bastante jovens, demonstram ser ótimos zagueiros. Todos têm boa técnica, força, impulsão para cabeceio, noção de posicionamento, tempo de bola e porte físico. Nisto, Alex Silva leva ligeira vantagem sobre seus concorrentes, já que tem 1,92m. Os outros dois, contudo, não ficam muito atrás: Miranda tem 1,85m e Breno, 1,87m. Dos três, talvez o mais fraco, no sentido geral do termo, seja justamente Alex Silva, que, com suas saídas estabanadas em direção ao ataque, mais lembra uma mistura entre Lúcio e Peter Crouch do que ajuda seu time. Quando se der conta de que não é Messi, muito menos Maradona, Alex Silva será quase perfeito. Além desses três, Teco, do Grêmio, e David, do Palmeiras, também dão sinais de serem bons zagueiros. É esperar para ver se são de fato.

No gol por enquanto não surgiu nenhum nome à altura dos ótimos Dida, Marcos e Rogério Ceni. Felipe, no Corinthians, Bruno, no Flamengo, e Diego, no Palmeiras, andam a fazer um bom trabalho. Vez ou outra, contudo, engolem um frango, saem mal na bola cruzada ou se atrapalham em jogadas simples. Mas que goleiro não toma um frango de vez em quando ou comete outra bobagem qualquer? São karmas da posição. Até mesmo o ótimo Tafarel, herói nas copas de 1994 e 1998, engoliu um belo frango na derrota do Brasil para a Bolívia por dois a zero nas eliminatórias para a copa de 1994. Comparados a Ceni, nenhum deles, assim como nenhum outro goleiro no mundo, passa a segurança do arqueiro são-paulino jogando com os pés. Enfim, daqueles três, elejo Felipe como o mais provável futuro goleiro do Brasil. Vale lembrar que ele vem da mesma escola do Dida, o Vitória, e isso é ótimo sinal. De uma coisa não há dúvida, todos são infinitamente melhores do que Doni.

Se todos esses jogadores confirmarem as boas expectativas que têm criado, daqui a cindo anos a seleção brasileira deverá ter a sua disposição um ótimo time. Kaká e Robinho deverão estar muito bem acompanhados. Mas nós, torcedores, não devemos nos empolgar, pois será preciso esperar pela Copa do Mundo do Brasil para poder vê-los desfilar novamente em terras tupiniquins.

Denis Barbosa Cacique, que, se não se recorda mal, viu sua partida mais recente no dia em que o Brasil ganhou da Argentina, na final da Copa América – 13 de agosto de 2007

sábado, 4 de agosto de 2007

Vídeos Básicos: Invenção do Futebol e Abertura Fifa 06

Mais uma cornetada cultural, agora de vídeos na Internet.

Há muito tempo atrás na Inglaterra, uma terrível praga caira sobre os cavalos. O enorme morticínio de tais animais impossibilitou a realização dos torneios de justa. Sem diversão, o povo estava prestes a se revoltar...

Vídeo já clássico sobre a versão dos comediantes dos "Melhores do Mundo" sobre a invenção do futebol. Tem que constar na ata:



O segundo vídeo é a abertura do Fifa 06. Simplesmente sensacional. Ao invés de fazer um preview com as imagens do jogo, a EA resolveu produzir uma verdadeira declaração de amor ao futebol. Uma pena que essa abordagem tenha sido abandonada em nome de uma mais tradicional no Fifa 07. Como não consegui encontrar uma versão legendada em português, coloca uma tradução do texto abaixo do vídeo...



Jogo após jogo após jogo. Percebo agora o que é mais importante em minha vida: Futebol. Mostre-me algo mais emocionante que um voleio perfeito. Diga-me que nunca sonhou com um chute perfeito. Em ser parte de um momento em que toda uma nação prende o folego. Diga-me que o futebol não é nossa única linguagem comum, quando o planeta todo para por noventa minutos para testemunhar a única coisa que todos nós compreendemos. Sim, você pode me dizer que eu estou errado. Pode me dizer que isso é só um jogo, mas isso diz respeito a heróis e tribos, lealdade e devoção. É nosso compromisso e nossa paixão. Nossa batalha e nossa crença... Essa é a nossa fé. Agora, ouça a agitação da multidão, ouça o clamor dos fiéis. Você é Ronaldinho. Você é Wayne Rooney. Este é o jogo bonito. Este é o seu momento.

Bruno (no aguardo do Fifa 08...)

Febre de Bola



Ontem, assisti ao jogo do São Paulo em um bar. Um bar é um excelente lugar para se assistir a um jogo do seu time especialmente se o dono do bar é um torcedor do seu time. Contudo, é um péssimo lugar para se assistir a um jogo pela autópsia. Isso se deve, obviamente, a quantidade de ruído, conversas, cornetagens e desatenção e não a quantidade de álcool ingerida. Caso contrário, não conseguiria escrever autópsia de jogo algum...

Então, alterei radicalmente o meu projeto de texto e vou fazer uma pequena indicação literária:

A coisa está lá dentro o tempo todo, procurando um jeito de sair.

Acordo por volta de 10 horas, faço duas xícaras de chá, trago-as para o quarto e coloco uma de cada lado da cama. Ficamos bebericando pensativamente; logo depois de acordar há uns intervalos longos e sonhadores entre nossos comentários ocasionais – sobre a chuva lá fora, sobre a noite anterior, sobre fumar no quarto e minha promessa de parar de fazer isso. Ela pergunta o que vou fazer essa semana, e eu penso: 1) Vou me encontrar com Matthew na quarta-feira. 2) Matthew ainda está com o meu vídeo de Os campeões. 3 [Ao me lembrar de que Matthew, um torcedor puramente nominal do Arsenal, não vai a Highbury há dois anos e por isso não pôde observar as aquisições mais recentes em carne e osso.] Eu fico imaginando o que ele achou de Anders Limpar.

E em três estágios simples, 15 ou 20 minutos depois de acordar, já começo a viajar. Vejo Limpar correndo em direção a Gillespie, desviando para a direita e caindo: PÊNALTI! DIXON MARCA! 2 a 0! ... O toque de calcanhar de Merson e o chute de pé direito de Smith entrando no canto oposto, ainda na mesma partida... Merson dando um pequeno empurrão na bola e desviando-a de Grobbelaar, lá em Anfield... O giro e a bomba de Davis contra o Villa... (E isso, lembrem-se, é uma manhã de julho, nosso mês de folga, quando os clubes de futebol estão de férias.) Ás vezes, quando deixo que este estado sonhador tome conta de mim completamente, vou recuando cada vez mais, passando por Anfield em 1989, Wembley em 1987, Stamford Bridge em 1978, com toda a minha vida futebolística passando num clarão diante dos meus olhos.

-No que você está pensando? – pergunta ela.

A essa altura eu minto. Não estava pensando nem um pouco em Martin Amis, em Gerard Depardieu ou no Partido Trabalhista. Mas é que nós, obsessivos, não temos escolha; temos de mentir em ocasiões como essa. Se disséssemos a verdade todas as vezes, seríamos incapazes de manter um relacionamento com qualquer pessoa do mundo real. Apodreceríamos sozinhos com nossos programas do Arsenal, nossas coleções de discos de rótulo azul originais da Stax ou nossos spaniels Rei Charles, enquanto nossos devaneios de dois minutos se alongavam; aí perderíamos nossos empregos e pararíamos de tomar banho, fazer a barba e comer; acabaríamos deitados no chão em meio à nossa própria imundície, voltando a fita sem parar na tentativa de decorar todos os comentários, inclusive a análise profissional de David Pleat, sobre a noite de 26 de maio de 1989. (Vocês acham que eu tive de verificar essa data? Ah!) A verdade é a seguinte: durante trechos alarmantemente grandes de um dia normal, sou um retardado.

Poucas pessoas entendem mais sobre a alma masculina e suas obsessões que Nick Hornby. Esse foi o único livro de sua trilogia masculina (Febre de Bola, Alta Fidelidade e Um Grande Garoto) que li. Infelizmente, dos outros pude conferir apenas as adaptações cinematográficas. Mas, isso já foi mais do que suficiente para me identificar e para reconhecer o incrível conhecimento de Hornby sobre a alma masculina.

Neste livro, Hornby decidiu contar a história da sua vida por meio dos jogos do Arsenal. Usando os jogos de seu time do coração como um gancho para sua memória, Hornby nos conta sobre seu complicado relacionamento com o pai, sobre seus amores, sobre sua ida a faculdade, seus empregos, etc. Tal estratégia narrativa funciona muito bem justamente por não ser uma estratégia narrativa, como admite, não sem um pouco de vergonha, o fanático “Gunner”: é assim que sua memória funciona!

Febre de bola não é um livro científico, nem jornalístico. Não é um estudo sobre ser um torcedor. É simplesmente a historia de um torcedor contada para outros torcedores. E isso o torna único. Não apenas para nos identificarmos com o livro, mas também para percebemos o incrível poder do futebol de igualar e unir na mesma paixão os calorosos brasileiros e os fleumáticos ingleses. Ou seja, no fundo torcedor é torcedor. Só muda o time.

Uma sugestão final: após ler o livro, indique-o à sua mulher. Talvez assim, ela finalmente entenda como você se sente quando ela interrompe o jogo de seu time do coração para mandá-lo lavar a louça ou discutir a relação...


P.S: Justiça seja feita. Nem todas as mulheres são assim. Juliana, minha namorada, entende a magia do esporte bretão. E foi ela quem me deu Febre de bola de presente. Com o objetivo de, nas palavras dela, “unir minhas duas paixões: leitura e futebol”. No que ela se enganou, pois, ao fazê-lo, estava unindo minhas três paixões...


Bruno (que tem sua vida atrapalhada não só pelo futebol. Mas também, pelos quadrinhos, filmes, seriados, livros e RPG...)