sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Continuando a Afinar a Corneta


Vou seguir a grande sugestão apresentada pelo Bruno: roubar as idéias dos outros na maior cara de pau. Aliás, para quem conhece o mundo da filosofia, essa deve ser uma prática bastante familiar. Assim, na presente cornetada, farei um plágio descarado da fórmula criada pelo próprio Bruno e mudarei apenas o conteúdo, abordando as equipes que não foram analisadas por ele. Devo advertir, porém, que tudo que eu disser aqui e que foi dito pelo Bruno antes pode ir por terra nos próximos dias, uma vez que esse fechamento da maldita “janela européia” não chega nunca e vários Shaktars Donetskis da vida continuam à espreita, prontos para levar embora o pouco que restou dos nossos futebolistas.

Todos sabem que o sistema defensivo e o trio de zaga são os pontos fortes do São Paulo. Falemos então dos problemas: o comando do ataque e os jogadores “vai-vai-vai... não vai”. É impressionante a teimosia do Muricy ao insistir nesse Aloísio, um centroavante que não marca gol, não sabe passar, não sabe dominar a bola, não sabe chutar e nem cabecear (a não ser de ombro). O Diego Tardelli, amordaçado, algemado e com os dois pés amarrados, joga mais do que ele. E aliás, o Tardelli sempre entrou bem nos poucos minutos em que teve oportunidade. Contudo, me parece que ele continua sendo punido pelos erros que cometeu em sua primeira passagem pelo tricolor. Mas, mesmo que o Muricy não goste do Tradelli, ele poderia então colocar o Borges, que não é uma maravilha, mas pelo menos marca uns golzinhos de vez em quando. De qualquer modo, uma coisa é certa: ALOÍSIO NÃO DÁ.

Outro karma dos são-paulinos: aqueles jogadores broxantes, que pegam a bola, fazem o diabo, deixam o torcedor com o grito de gol engatilhado, mas, na hora H... não vai. O pior de todos é o Jadílson: corre, corre, corre e... nada. Esse jogador consegue manter a incrível média de NENHUM passe certo por jogo. Graças a deus ele é reserva, mas sempre acaba entrando quando Muricy precisa de um lateral esquerdo de ofício (e Júnior fica no banco!). Bom, mas não pára por aí: tem também o Souza. Tudo bem, não há outro cara capaz de atuar na ala direita, não tem ninguém melhor do que ele no banco etc, mas que é irritante é: Souza pega a bola, dá um drible espetacular, passa por dois, corre, corre, corre e... nada. Nenhuma jogada é concluída. Por fim, tem ainda o Leandro: corre, pula, gira, vira, tropeça, capota, cai, levanta, planta bananeira, dá cambalhota, se joga na bola, levanta de novo, ginga, dança, canta, batuca, corre, corre, corre e... nada. O Dagoberto, mesmo em péssima fase, joga mais. Resumo da ópera: Tardelli e Dagoberto, a dupla de ataque ideal, nunca jogaram juntos e, a se julgar pela teimosia do técnico, jamais jogarão. Os são-paulinos terão de continuar aturando Leandro e Aloísio e suas caneladas, joelhadas, tornozeladas e chutes que vão parar na bandeira do escanteio. Mesmo com tudo isso, o tricolor é ainda o principal candidato ao título.


O Cruzeiro é o inverso do São Paulo: joga para frente e o ataque é muito bom, em grande parte devido à ofensividade do seu meio campo. Os habilidosos volantes, Charles e Ramires, são na verdade meias que atuam mais recuados. Os meias, Leandro Domingues e Wagner, são verdadeiros atacantes. Por isso, não dá nem para culpar a zaga pela elevadíssima média de gols sofridos, uma vez que ela fica o tempo todo exposta. De qualquer modo, esse estilo de jogo suicida funciona e passou a funcionar ainda melhor com a entrada de Alecsandro, um ótimo ruim-que-faz-gol. Alguém pode dizer que Alecsandro só marca muitos gols justamente porque o time ataca o tempo todo. Não é verdade. Ele marca gols porque sabe marcar gols. Simples assim. Veja o exemplo do São Paulo: embora privilegie a defesa, em alguns jogos, como no último contra o Goiás, o tricolor cria várias oportunidades de gol. O problema é que seus atacantes acertam uma a cada 5983 finalizações. Podem ter certeza do seguinte. Se jogasse no Cruzeiro, o Aloísio não faria gols, como não faz no São Paulo, fossem quantas fossem as oportunidades. Se jogasse no São Paulo, Alecsandro faria muitos gols, como faz no Cruzeiro, mesmo tendo poucas chances. A Raposa é o maior adversário do São Paulo.


Embora seja uma equipe tecnicamente fraca (quem hoje não seria?), o Vasco joga com consciência, justamente porque sabe reconhecer suas limitações. Isso faz dele um time bastante eficiente, principalmente dentro de São Januário, onde empatou uma e venceu todas as demais partidas. O ponto de apoio do time é Perdigão (isso não é uma ironia), jogador que faz mais ou menos a função que Tinga fazia no Internacional e que até pouco tempo Josué exercia no São Paulo: organizar o meio campo e ditar o ritmo do time. Claro, além disso, Perdigão também é mestre no “marca, marca!”, “só cerca”, “abre, abre” e seus afins, o que não deixa de ser mais uma qualidade indispensável. Outras virtudes do time são: o volante argentino Conca e o apoio do ala direito Wagner Diniz. Contudo, a principal arma cruz-maltina é Leandro Amaral. Deixando-se de lado o purismo e considerando-se que o conceito de “craque” é relativo, Leandro é hoje, no contexto atual do futebol brasileiro, um craque. Afinal, ele é muito mais do que um mero ruim-que-faz-gol (me perdoe pelo “mero”, Bruno): ele sabe passar, tabelar e participa da criação das jogadas, além é claro, de fazer gols. Resumindo: faz quase tudo que Aloísio não faz (digo “quase”, pois um jogador que fizesse TUDO que Aloísio não faz seria um gênio maior que Pelé). O Vasco pode até brigar pelo título e deve ficar com uma vaga na Libertadores, a não ser que Romário resolva voltar e/ou que o Shaktar Donetski continue com sua impiedosa espoliação no Brasil.


O time do Grêmio que foi à final da Libertadores já era bem fraquinho. Agora a coisa piorou ainda mais com a saída de Lúcio (isso não é uma ironia) e com a terrível queda de rendimento do Tcheco (“queda de rendimento” nesse caso pode ser entendida como “volta ao estado normal”). E a tendência é que o time piore mais ainda com a saída de Carlos Eduardo, único jogador verdadeiramente talentoso da equipe. Mas o grande problema é aquele mesmo do São Paulo e da maioria dos times: ausência de um ruim-que-faz-gol. Tuta e Marcel, juntos e ainda adicionados a Aloísio, não somam um terço de centrovante. Se conseguir uma vaga na repescagem da Libertadores já estará de ótimo tamanho.

3 comentários:

Denis Barbosa Cacique disse...

A impressão que fica, depois de ler seu texto, é que ele foi escrito não para cornetar São Paulo, Cruzeiro, Vasco e Grêmio, mas sim para cornetar o Aloísio. É justo - bem justo. Mas como vc já tinha escrito um texto pra ele, acho melhor compor uma corneta-camuflada....
Enfim... Diego Tardelli e Dagoberto merecem mesmo a titularidade. Não porque estão jogando muito, mas porque Aloísio e Mr. Chutaram Minha Cara são medíocres mesmo.

Brunão disse...

Bom, rapidinho pq daki a poko tem aula do Osmyr...rss.

Concordo com seus comentário sobre o ataque tricolor. Para mim tbm a dupla mais interessante é Dagoberto e Tardelli (embora Borges esteja em boa fase). Contudo, me parece que Tardelli está sendo punido não pela sua indisciplina anterior, mas pela teimosia do Muricy (assim como tds os torcedores).

Sobre, o Cruzeiro, não sei... não consigo confiar em time que não sabe se retrancar...rss

Qto ao Vasco, depois que a defesa (que era a "mãe do ano") foi acertada, o time começou a andar tranquilo lá na frente... (a saída do Romário, é claro, tbm contribui e mto... principalmente, no espírito de equipe da equipe...rsss)

Qto ao Grêmio, nada a acrescentar...rss

César Zambon disse...

Denis, seu puto! Ce me desmascarou no ato! Isso só aconteceu porque vc é estudante de filosofia e já está acostumado com as artimanhas da escrita. Um "leigo" não teria percebido... aliás, teria sim. Eu deveria ter disfarçado melhor...