segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Projeções


Daqui a cinco anos, quando Kaká, aos 29, e Robinho, aos 28, forem os veteranos da Seleção Brasileira, quem serão seus companheiros?

Se der a lógica, Alexandre Pato, que, como profissional, ainda nem mesmo atingiu a marca de trinta partidas disputadas, será a companhia de Robinho lá na frente. Pelo pouquíssimo que se pode ver do novo reforço do Milan, Pato é o mais completo centro-avante que os gramados brasileiros produziram desde Romário. Sim, desde Romário, porque Ronaldo, embora ótimo em quase tudo, cabeceia tão bem quanto eu, ou seja, fechando os olhos e batendo com o topo da cabeça na bola. Em relação a esse fundamento, Pato leva vantagem até mesmo sobre Romário, já que é dez centímetros mais alto que ele e, além disso, pode ficar ainda mais alto, já que só tem 18 anos. Pato tem 1,79m, Romário, 1,69m.

É claro que não é possível garantir que Alexandre Pato não sofrerá os mesmos problemas que Ronaldo: contusões sérias, excesso de peso e vida pessoal conturbada. Mas, enfim, se nada disso acontecer e se der a lógica, Pato será o dono inquestionável da camisa nove na Seleção Brasileira por longos anos.

Mais atrás, armando o time, talvez não haja uma promessa à altura de Alexandre Pato, à altura da segurança que ele passa, embora tão jovem. E isso é preocupante. A falta de bons (nem digo ótimo) meias armadores no futebol mundial é crônica. A meu ver, hoje há apenas quatro bons armadores em atividade: Kaká, Riquelme, Alex e Lampard. Mas nenhum deles está no nível que teve, em sua melhor forma, a geração anterior, representada por ninguém menos que Zidane e Nedved.

Anderson, que agora vai reforçar o Manchester United, tem um longo caminho a percorrer até que merecia, de fato, as comparações que fizerem entre ele e Ronaldinho Gaúcho, quando de sua aparição, em 2004, disputando a segunda divisão do campeonato brasileiro, pelo Grêmio. Contra ele, pesará a forte concorrência por uma vaga no time titular inglês. Jogando pouco, é bem provável que as comparações entre ele e o astro do Barcelona limitem-se à aparência física, característica em que ambos são realmente semelhantes, embora até nisso o mais velho seja mais... Mais feioso.
Nego-me veementemente a falar de Wilian e Lulinha, ambos do Corinthians. Embora já exista um exagerado alvoroço em torno desses jogadores, nenhum deles mostrou, jogando entre os profissionais, a que vieram. Wilian ainda amarela. Lulinha nem sabe a cor da bola. Se não estivessem num time que desmorona política, financeira, moral e futebolisticamente, certamente os dois ainda estariam nas categorias de base, tendo lições sobre como fazer a barba – que ainda virão a ter.

A única unanimidade para a vaga de volante é Lucas, ex Grêmio e agora no Liverpool. Hernanes, do São Paulo, Denílson, do Arsenal, e Marcelo Matos, em algum lugar da galáxia, devem brigar entre si para acompanhar o loirinho. Mas se Dunga continuar sendo técnico do Brasil daqui a cinco anos, é até possível que os quatro joguem juntos. Quanto aos três últimos, nenhum é ótimo. Hernanes, por exemplo, embora seja um jogador extremamente versátil e tenha uma boa técnica, não tem na marcação o seu ponto forte. Como no São Paulo ele costuma jogar acompanhado de Josué, esse problema se ameniza. Marcelo Matos criou muito frenesi quando surgiu. Mas, depois, mostrou ser apenas o razoável volante de uma equipe medíocre. Denílson pouco jogou tanto no São Paulo quanto no Arsenal. Mas é justamente sua precoce saída do Brasil para um dos maiores times europeus que o credenciam a constar na lista de prováveis futuros selecionáveis. Além desses quatro, tem chamado atenção o jogador Wendel, do Palmeiras – o Palmeiras é aquele time que usa um uniforme verde. É versátil e tem boa técnica, mas ainda é cedo demais para dizer qualquer coisa sobre seu futuro.

Nas alas, ou laterais (não farei distinção aqui), Ilsinho, ex Palmeiras e São Paulo, mas agora na Ucrânia, deverá, se retomar o ótimo futebol que mostrou nos primeiros meses de São Paulo, com muita técnica e agressividade, o jogador que colocará Cafu, em definitivo, no baú do esquecimento. Pela esquerda, pelo mesmo motivo que relacionei o volante Denílson, relaciono Marcelo, do Real Madrid, mas confesso que não o conheço. Sem a concorrência de Roberto Carlos, é bem provável que o brasileiro, se for realmente bom, firme-se como titular da lateral esquerda do time madrileno. O jeito é aguardar e torcer para que ele seja realmente bom, já que o futebol brasileiro está, de uns tempos para cá, produzindo pouquíssimos laterais esquerdos de qualidade. Para se ter um exemplo, Adriano, o bom lateral esquerdo do Sevilha, é destro, e não canhoto, como seria o ideal.

Na zaga, o jovem trio de zaga atual do São Paulo surge com muita força. Miranda, Breno e Alex Silva, embora bastante jovens, demonstram ser ótimos zagueiros. Todos têm boa técnica, força, impulsão para cabeceio, noção de posicionamento, tempo de bola e porte físico. Nisto, Alex Silva leva ligeira vantagem sobre seus concorrentes, já que tem 1,92m. Os outros dois, contudo, não ficam muito atrás: Miranda tem 1,85m e Breno, 1,87m. Dos três, talvez o mais fraco, no sentido geral do termo, seja justamente Alex Silva, que, com suas saídas estabanadas em direção ao ataque, mais lembra uma mistura entre Lúcio e Peter Crouch do que ajuda seu time. Quando se der conta de que não é Messi, muito menos Maradona, Alex Silva será quase perfeito. Além desses três, Teco, do Grêmio, e David, do Palmeiras, também dão sinais de serem bons zagueiros. É esperar para ver se são de fato.

No gol por enquanto não surgiu nenhum nome à altura dos ótimos Dida, Marcos e Rogério Ceni. Felipe, no Corinthians, Bruno, no Flamengo, e Diego, no Palmeiras, andam a fazer um bom trabalho. Vez ou outra, contudo, engolem um frango, saem mal na bola cruzada ou se atrapalham em jogadas simples. Mas que goleiro não toma um frango de vez em quando ou comete outra bobagem qualquer? São karmas da posição. Até mesmo o ótimo Tafarel, herói nas copas de 1994 e 1998, engoliu um belo frango na derrota do Brasil para a Bolívia por dois a zero nas eliminatórias para a copa de 1994. Comparados a Ceni, nenhum deles, assim como nenhum outro goleiro no mundo, passa a segurança do arqueiro são-paulino jogando com os pés. Enfim, daqueles três, elejo Felipe como o mais provável futuro goleiro do Brasil. Vale lembrar que ele vem da mesma escola do Dida, o Vitória, e isso é ótimo sinal. De uma coisa não há dúvida, todos são infinitamente melhores do que Doni.

Se todos esses jogadores confirmarem as boas expectativas que têm criado, daqui a cindo anos a seleção brasileira deverá ter a sua disposição um ótimo time. Kaká e Robinho deverão estar muito bem acompanhados. Mas nós, torcedores, não devemos nos empolgar, pois será preciso esperar pela Copa do Mundo do Brasil para poder vê-los desfilar novamente em terras tupiniquins.

Denis Barbosa Cacique, que, se não se recorda mal, viu sua partida mais recente no dia em que o Brasil ganhou da Argentina, na final da Copa América – 13 de agosto de 2007

Um comentário:

César Zambon disse...

Na defesa estamos garantidos. No meio e no ataque sempre aparecem grandes talentos. A situação mais dramática é mesmo no gol e nas alas.
O goleiro que parece ser mais confiável é o Diego Cavalieri, mas ele ainda tem que evoluir (se tivesse entrado como titular mais cedo, hoje, aos 24, já estaria maduro).
Nas alas, tem o..., tem também o..., isso sem falar no...