quinta-feira, 14 de junho de 2007

E o Riquelme estava Gripado


Como temiam os gremistas e, do outro lado da fronteira Brasil-Argentina, desejavam Maradona, Tevez e todos os outros fanáticos torcedores da equipe mais popular da Argentina, o Boca Juniors fez valer sua fama de time copeiro vencendo, e muitíssimo bem, a apática equipe do Grêmio. Mas Francis Ford Coppola, presente no La Bombonera, se entender de futebol ao menos um décimo do que entende de cinema, certamente achou o “filme” previsível demais. O sempre impiedoso Boca, empurrado por sua torcida e regido pelo maestro feioso, pero genial, Roman Riquelme, atropelaria o time gremista, cuja maior virtude é a paixão – e isso, frente a times como o Boca, é pouco. Isso era o que se esperava. Isso foi o que aconteceu.

Contudo, o Boca temível só deu as caras no segundo tempo do jogo. Na primeira etapa, embora tenha assustado algumas vezes o arqueiro gremista, Saja, que, por sinal, é argentino, mostrou-se bastante acanhado durante a maior parte do tempo. Mesmo quando fez seu primeiro gol, num instante irônico da partida, era o Grêmio quem estava ligeiramente melhor, ameaçando ameaçar o gol argentino. Cabe dizer que o gol foi ilegal. Resultou de uma cobrança de falta de Riquelme (sempre ele), que lançou o impedido Palermo, que, tentando finalizar a gol, acabou passando para Palácios. Este só teve o trabalho de empurrar, desajeitado, para o gol vazio do Grêmio.
Mesmo com a vantagem no placar, o Boca parecia estranhamente desinteressado. O segundo tempo mostraria que o time argentino, assim como o segundo Don Corleone de Coppola, tinha sob a manga muito mais do que fazia parecer aquele jeito lento de jogar futebol. Afinal, um Corleone é sempre um Corleone, assim como o Boca, que sempre é o Boca. Mas o que é o Boca? Aliás, o que é o Boca jogando no La Bomboneira e regido por Riquelme? É um time que pressiona o adversário, explora os seus erros e, acima de tudo, faz gols.

No segundo tempo, apareceu, enfim, o Boca que se temia. O time argentino adiantou a marcação, acelerou o jogo e começou a pressionar o time gremista. Nervoso, Sandro Goiano acabou expulso, merecidamente, por atingir o rosto de Bonega. Com o buraco deixado no meio campo, o Boca tomou, de vez, conta do jogo. Num lance incrível, Teco salvou, em cima da linha, o chute dado por Palácios após triangular com facilidade, dentro da área gremista, com Clemente e Cardozo. Poucos minutos depois, contudo, Riquelme cavou uma falta na entrada da área e, na cobrança, aproveitou o buraco deixado por Lucas na barreira e fez o segundo gol do jogo. Se o placar parasse por aí, até que o prejuízo seria pequeno para o time brasileiro, mas não parou.
Nos minutos finais, após uma seqüência belíssima de dribles de Riquelme, finalizada com um forte chute que o goleiro Saja espalmou para o lado da área, e não para fora do campo, como é o certo, Palermo cruzou, Ledesma cabeceou dividindo a bola com o goleiro e fez, um pouco por mérito próprio, outro pouco por causa dos então assustados zagueiros gremistas, o terceiro e ultimo gol da noite.

Don Roman Riquelme Corleone, embora gripado, venceu o jogo. A esquadra gremista deve ter ficado mal acostumada marcando os Souzas, Hugos e Pedrinhos do Brasil.

Ah, faltou dizer o que o Grêmio fez no segundo tempo: o Grêmio tomou dois gols no segundo tempo, e isso foi tudo. Aliás, vou tentar ser justo: Lúcio e Carlos Alberto não pareceram sentir a pressão. Jogaram bem.


Na próxima quarta, se quiser ser campeão, o Grêmio precisará, a meu ver, de um daqueles geradores de improbabilidades infinitas. Só isso. Mas Coppola está mais para os dramas do que para as ficções científicas. Uma pena.


Denis Barbosa Cacique (Vulgo Zagueiro Miope) – 14 de junho de 2007

5 comentários:

Anônimo disse...

Muito Bom. Primeira vez que acesso o blog, e comecei lendo do post mais recente, mas gostei muito e vou passar a comentar constantemente. Também já repassei o endereço para alguns camaradas que adoram este esporte tão querido. Bom vamos ao coment do post né.

Desde que o grêmio eliminou o São Paulo, eu venho pregando que o time do grêmio NÃO SABE JOGAR FORA DE CASA. O São Paulo meteu 1 a 0 neles, jogando um futebol horrível. O Santos meteu 3 a 1, e só não classificou por erros próprios cometidos no primeiro jogo. E agora o grêmio prova que não sabe mesmo jogar longe do Olímpico.

Apesar da má atuação do grêmio, vale muito dizer que o Riquelme sobrou em campo, participou dos três gols, e até agora eu estou besta com o drible que antecepiou o terceiro gol. Tinham 4 jogadores do grêmio em cima dele, e ele ainda conseguiu bater em gol. Simplesmente craque.

Denis Barbosa Cacique disse...

Aproveitando o gancho, acho interessante a maturidade do Riquelme. Ele sabe qual é o momento certo pra driblar, e só aí ele dribla. Fantástico jogador.

Denis Barbosa Cacique disse...

aliás... sabe o momento E LOCAL certos para driblar!

César Zambon disse...

Tenho que discordar de tudo que está sendo dito.
Vocês estão babando ovo demais para o Riquelme: um bom jogador, concordo, mas muito longe de ser um craque.
E esse time do Boca é um time medíocre, que é campeão de uma Libertadores medíocre. Ganhou do Grêmio com um gol impedido, outro em um chutão de longe e outro marcado pelo Sobrenatural de Almeida. Então, por favor, menos...

Denis Barbosa Cacique disse...

hahahahaaha
Só pra contrariar, hein Cesar!
O fato, pra mim, é q, no mundo futebol, os valores são smpre relativos. Time bom é o q leva a taça, assim como craque é o que faz a diferença positivamente.
É claro q o Manchester é melhor. É claro q, no momento, o Kaka é mais craque q o Riquelme, o problema é q o Boca num joga a Champeons League, e o Riquelme, ao menos eqto estiver na Argentina, será o deus do continente americano...
Sem contar q, depois de tanto ver o Souza e o Hugo no SP, num há como não achar q o Riquelme é um craque!