Como numa casa é necessário que alguém se responsabilize por lavar os pratos, não pude assistir ao primeiro tempo do jogo de volta entre Santos e Grêmio, pela Copa Libertadores da América.
Perdendo o primeiro tempo, perdi também, no sentido pragmático da expressão, o que houve de mais importante na partida, o belo gol de Diego Souza, do time gaúcho, logo no início do jogo. Sim, o que houve de mais importante, já que a virada santista, a despeito do belo espetáculo que proporcionou, foi insuficiente para levar o time paulista à tão desejada final sul-americana, fosse contra o desconhecido Cucuta, da Colômbia, ou contra o sempre perigoso Boca Juniors, da Argentina.
Penso que, apesar do fracasso, a equipe da baixada poderia ter saído de campo com a cabeça erguida. O gol sofrido logo no início do jogo poderia ter servido como um banho de água fria nos jogadores santista, porém, pelo contrário, serviu apenas para despertá-los ainda mais. Afoitos, eles lançaram-se ao ataque em busca do empate, que veio já nos acréscimos, com Renatinho, jogador escolhido por Luxemburgo para substituir Maldonado, contundido.
No segundo tempo, o time santista fez mais dois gols. Não julgo que tenha merecido alcançar o quarto, que, de fato, não alcançou. Todos os três resultaram daqueles típicos lances estranhos que até mesmo o narrador se perde ao tentar descrever: a bola bate em um, rebate em outro, sobra e, de repente, morre nas redes. Foram gols feios.
Ora, mas se o time fracassou por não assegurar a classificação e, além disso, venceu com três gols feios, que motivo pode haver para que se diga que a equipe santista poderia ter deixado o campo de cabeça erguida? Duas coisas, técnica e vontade, qualidades que, à medida que o futebol vai tornando-se cada vez mais profissional e preocupado com o preparo físico dos atletas, ficam cada vez mais difíceis de encontrar numa equipe, sobretudo reunidas.
O time santista, ainda que fora da final, reúne essas duas qualidades. É muito agradável ver Zé Roberto e Kleber jogarem. Parece que, para eles, dominar e conduzir a bola, mesmo quando a marcação adversária é cerrada, como faz eximiamente o time gremista, são tarefas das mais fáceis.
Com tanta técnica, podia acontecer do time santista pecar por falta de vontade, como ocorreu à seleção brasileira na ultima copa, mas, pelo contrário, ainda que quase sempre de modo desorganizado e cometendo muitos erros, foi incansável na defesa e no ataque.
Ao torcedor santista fanático, talvez essas coisas passem despercebidas ou, sendo notadas, não sirvam de consolo. A mim, mero lavador de pratos, torcedor dum outro time paulista, importa mais o espetáculo.
Denis Barbosa Cacique (vulgo Zagueiro Míope) – 7 de junho de 2007
Um comentário:
Realmente, o Santos se entregou em campo, muita vontade de vencer. E além disso manteve a beleza do futebol do luxa, com toque de bola e jogadas inteligentes. Confesso que torci muito para o Santos conseguir o quarto gol, mas infelizmente pararam no terceiro mesmo.
O Santos foi eliminado pelo Grêmio da mesma maneira que o São Paulo perdeu a final de 2006 para o Internacional, lutando bravamente até o fim da partida, honrrando a camisa.
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