quinta-feira, 28 de junho de 2007

Seleção renovada, problemas renovados

Desde que eu me lembre (o gol de Caniggia em 90 é minha lembrança mais antiga da seleção), minha maior preocupação como torcedor da seleção brasileira é a defesa. Não havia porque se preocupar com o ataque, afinal, ele sempre foi técnico, talentoso, veloz, surpreendente, genial, fascinante... , mas a defesa... sempre me fez roer as unhas. A qualquer momento os zagueiros podiam bater cabeça, se posicionarem mal e, principalmente, ficarem pregados no chão em uma bola alçada na área. Agora, imagine a estranheza que tomou conta de mim na última Copa do Mundo. Os heróis da seleção não foram os atacantes (e meia-atacantes) que compunham o fabuloso quadrado mágico e sim o miolo de zaga: Lúcio (aquele que quase nos entregou em 2002 pra Inglaterra) e Juan (além é claro, do Zé Roberto). A coisa fica ainda mais estranha quando Dunga, que nunca havia treinado time algum, assume o comando da seleção. A escolha da CBF, embora polêmica, possui certa racionalidade. Atribuindo o fracasso da copa à falta de vontade, os cartolas escolheram um ex-jogador que pudesse simbolizar essa qualidade. Não havia escolha mais adequada que Dunga. O novo técnico, por sua vez, parece ter atribuído o fracasso na última copa a falta de apoio ao setor defensivo. Dunga demonstra isso na escolhas dos laterais: preferindo a força física e o alto poder de marcação (Maicon e Gilberto) à precisão nos cruzamentos e apoio ao ataque (Kleber e Daniel Alves). Além disso, Dunga joga com dois cabeças de área de ofício, Gilberto Silva e Mineiro, porém, dá a impressão de ter pedido ao último que maneire em suas aparições como elemento surpresa. Tudo isso visando aumentar a solidez do sistema defensivo brasileiro.

Contudo, foi essa dedicação à marcação que condenou o time brasileiro. No início do primeiro tempo, o México permitia uma fácil saída de bola da seleção brasileira, apertando a marcação apenas na intermediária. Porém, com o excesso de zelo dos laterais e dos volantes, Diego era obrigado a buscar a bola no campo de defesa. Com Robinho e Wagner Love fortemente marcados, Elano isolado na direita (mal tocou na bola), os volantes e os laterais impedidos de subirem, Diego logo ficava sem opções. E, assim, o Brasil mesmo com domínio territorial, não conseguia criar chances reais de gol (com exceção do gol anulado, mas repare que tal lance surgiu de uma das raras subidas de um dos laterais, no caso, Maicon). Aos poucos, o México foi ganhando terreno no meio campo, até que Castillo, calculando bem a saída do zagueiro Alex, recebeu ótimo lançamento, chapelou Maicon (um pouco atrasado na cobertura) e tocou para o gol antes que Doni pudesse dividir com ele. Golaço!

Poucos minutos depois, Diego, na intermediária da seleção brasileira (vindo buscar a bola cada vez mais atrás), perdeu a bola e fez falta. A cobrança foi boa, porém Doni optou por um golpe de vista que flertava em excesso com o descaso: 2 a 0 México. O segundo gol transformou a covardia brasileira em entrega.

Dunga voltou para segunda etapa com Afonso e Anderson no lugar de Diego e Elano. Sem Diego (e com dois atacantes de área), coube a Robinho e a Anderson (formando uma diagonal, um com o outro) dar movimentação e municiar o ataque brasileiro. Com sua velocidade e seus dribles, Robinho assumiu a responsabilidade e não só conduziu a bola ao ataque como apareceu na área para cabecear, chutou de longe, chutou sem ângulo...

Anderson, com muita movimentação e bons passes, garantiu, depois de Robinho, o posto de melhor brasileiro na partida. Os laterais passaram a subir mais e cada cruzamento foi desesperador para a zaga mexicana (tão boa em jogadas pelo alto quanto uma zaga de pebolim...). Contudo, nem mesmo com a melhora na disposição o Brasil conseguiu fazer gols. O time apático do primeiro tempo se transformara em uma equipe desorganizada. Com o andar do relógio e o aumento do desespero, os erros de posicionamento começaram a aparecer mesmo entre os melhores em campo e o Brasil ficou completamente exposto aos contra ataques. A goleada só não saiu devido à incompetência dos mexicanos que insistiam em não tocar a bola rapidamente para evitar que seus atacantes entrassem em posição de impedimento...para complementar, no fim do jogo, Castillo, o mesmo do golaço, conseguiu perder um gol incrível.

Assistindo a esse jogo, cheguei a conclusão que é impossível negar que a renovação de Dunga já foi bem sucedida em pelo menos um aspecto: a minha preocupação com a seleção. Agora, é o ataque que me faz roer as unhas.

Brunão
(que passou a roer as unhas por não ter mais cabelos para arrancar...)

3 comentários:

Anônimo disse...

Que isso... pra mim, a defesa e o ataque me faziam comer uma mãozada de pipoca (o que significa que eu estou nervosa). Os cara da defesa deixaram o goleiro sozinho, só v o golaço q foi perdido no fim da partida, desleixo total! E o goleiro ainda é uma desgraça.
To vendo q com ESSA seleção, vou ter úlcera gástrica de nervo. Foi-se o tempo em q eu brincava, 'Brasil? 3 a 0' e o time ia lá e metia 4 ou 5... Agora, tem q esperar pra v e ainda se decepcionar muito...
Pra quem pegar: 'O Brasil, não faz gol... e os otários, somo nozes'.

César Zambon disse...

Bruno,
não sei como vc ainda tem disposição para comentar jogos da seleção brasileira. Meus parabéns pela persistência!

Denis Barbosa Cacique disse...

Isso q é autópsia, Bruno.
Só acho q vc pecou por não ter zuado suficientemente o Doni...
Belo texto!